quinta-feira, 17 de março de 2016

Como eu melhorei a minha vida no início de 2016 – parte I

Na metade de janeiro, decidi dizer adeus à compulsão alimentar, que me persegue desde os 12 anos. Há muito tempo que eu lia sobre comer consciente e intuitivamente, mas nunca tinha experimentado. O que me fazia comer desesperadamente não era apenas o desejo por comida, mas sim a maneira como eu lidava com meus sentimentos ou situações mal resolvidas. Eu não sabia como colocar em prática, nem acreditava que eu podia. Não encontrei nenhum profissional que entendesse do assunto aqui na minha cidade (Sorocaba, interior de São Paulo). Mas eu decidi tentar mesmo assim, por conta própria. Não queria mais viver em guerra com a comida, trata-la como minha inimiga. Alimentar-se é algo necessário para continuarmos vivos, eu queria aprender a conviver com isso. E eu queria me aceitar, me amar, comer para sobreviver e não viver para comer.
Como boa ansiosa que sou, não sabia direito por onde começar, achava que não ia me “controlar” (é, entre aspas, porque não acho que tenha a ver com controle). Mas por incrível que pareça, da minha decisão de mudar, surgiram resultados que eu jamais podia esperar.

O que eu fiz?
Passo um
- toda vez que a “loucura” da compulsão chegava, eu me questionava. Respirava fundo três vezes e sentia o meu corpo todo e as reações que ele tinha no momento. Parece estranho, mas a gente consegue dar nome, cor, forma e intensidade para o que sentimos e eu me perguntava sobre tudo isso.

Passo dois -
É fome? Confesso que essa foi a parte mais difícil: entender se era fome ou se era vontade de comer para anestesiar o que eu sentia. Muitas vezes, sem saber responder isso, fui lá e comi. Mas comi prestando atenção nos sabores, nas cores, no cheiro, na textura. Não vou mentir, não separei um tempo muito grande nesses momentos. Eu prestava atenção, mas não me demorava tanto nisso. E quando sentia que meu estômago não estava muito cheio, mas também longe de estar vazio, parava. Afinal, se eu sentisse fome, poderia voltar a comer. Não seria daqui a 3 horas, como nas dietas, seria na hora que o corpo pedisse. Aos poucos, fui aprendendo a reconhecer a fome. Estou evoluindo a cada dia nisso. Percebi que a fome traz um desconforto leve na garganta, no estômago. Que a fome muitas vezes traz a vontade de comer alimentos específicos. A fome dá uma sensação de estômago vazio. E a fome pode esperar. Não que se deva esperar, mas se eu optasse por isso, conseguiria. Já a compulsão te dá desespero, vontade de correr pra geladeira e encher o estômago com toda e qualquer coisa, de preferência gostosa.
 
Passo três: Comi tudo o que tive vontade. No começo deu muito medo. Como assim eu posso comer de tudo? Não vou engordar e comer mais do que já como? É aí que entraram minhas sensações. Passei a refletir sobre a comida. O que eu gostaria de comer nesse momento? Chocolate? Ok, vou comer um pedaço menor do que estou acostumada. Fritura? Beleza, vou comer UM bolinho frito e ver no que dá. E tudo bem se forem dois. Era só não me acabar na comida, engolindo sem sentir o sabor, até passar mal. E parar de me culpar por gostar de certos alimentos, de açúcar, frituras, entre tantas outras coisas. O resultado, até o momento é esse: 9kgs a menos, comendo de TUDO, não deixando de ir naquele rodízio japa ou de pizza. Não recusando convites para um barzinho no final de semana ou aquele bom drink com os amigos. Não deixando de comemorar meu aniversário porque teve bolo, salgadinho e refrigerante. Na real, quanto menos eu me proibia de comer certos alimentos, mais eu conseguia diminuir minha ansiedade e menos eu comia.

Passo quatro:
provar novos alimentos. Não sou muito fã de salada, mas amo frutas. Então comecei reintroduzindo elas na minha alimentação. Pensei que talvez alimentos orgânicos pudessem ter um gosto bom, então, porque não experimentar? E pensei certo, porque olhaaa, me apaixonei por cookies integrais orgânicos, salgadinho de milho orgânico assado... e um belo dia fui numa loja de produtos naturais, comprar óleo de côco pro cabelo, e me deparei com os pacotinhos de mix de sementes. Amor total, adoro comer amêndoas, castanhas, uva passa, pedacinhos de cacau, nozes, sementes no meio da tarde ou quando vou pra aula de manhã. Achei até um “miojo” integral maravilhoso. É feito com macarrão integral, não é frito e tem temperos feitos com coisas orgânicas e com pouco sódio e conservantes. São muito melhores na questão nutricional.

Passo cinco:
respeitar minha fome. Se estou na rua e bate aquele vazio no estômago, que vem acompanhado por barulhinhos, eu paro e compro alguma coisa pra comer. Não tem nenhum dos meus lanchinhos que eu amo e como porque gosto? Sem problemas... vai um pacotinho de cookies normais mesmo, uma barrinha de cereal de farmácia, um pacotinho de bolacha salgada com recheio. Nenhuma comida é inimiga.

Passo seis:
vou até repetir a última frase: NENHUMA comida é inimiga. A gente precisa parar de classificar como comida má e comida boa. As coisas mudam. Anos atrás ovo fazia mal. Depois, fizeram novos estudos e descobriram que ovo era bom. Amanhã, ele pode virar mau de novo. E em que lado a gente fica? Isso mesmo, de nenhum lado. Gente, vamos comer! Eu lembro que na minha época fitness (claro que se você for atleta tem que ter uma dieta) eu comia todo dia omelete de 3 claras e uma gema. Sem farinha, sem leite, sem queijo, sem óleo. Só salsinha, cebolinha, as vezes eu arriscava um tomate. Nem eram omeletes, eram ovos mexidos, sem sabor. Mas a vida é muito curta pra gente não colocar queijo no omelete, sério. Parem com isso. Apenas respeitem o corpo, a sensação de fome, de saciedade. Ele sabe pedir. Deu vontade de mortadela? COMA! As vezes, quando tenho vontade de algo que não tenho em casa, vou lá e procuro algo similar, porque provavelmente deve ser alguma vitamina que tem naquele alimento que meu corpo precisa.


Imagens: daqui, daqui e daqui.

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