quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Sobre filmes e as ligações que só existem na minha cabeça


Não sou muito fã desses filmes cults, paradões, que você tem que assistir 4.587 vezes pra entender (desculpa, sociedade). Gosto de filmes que me prendam a atenção, com roteiro bem elaborado, porém sem precisar montar quebra-cabeças. Filmes como Ilha do Medo, Cisne Negro e A Origem são exemplos de uma história inteligente e bem desenvolvida que te fazem pensar sem te deixar com cara de ponto de interrogação enquanto assiste.

Aí que eu queria assistir Cópia Fiel, porque todo mundo falava maravilhas sobre a atuação da Juliette Binoche. E ela realmente é incrível e atua maravilhosamente, falando três línguas durante os 106 minutos de filme. O cenário também é encantador e te deixa suspirando (assim como William Shimell). Mas a história, meus caros, não te prende.

Entendo toda a ideia por trás do filme e acho incrível. Mas não é pra mim! Eu dormi 3 vezes durante o filme por motivos de: não tenho paciência para cenas lentas, para desenrolar demorado (embora no meio do filme tudo aconteça rápido demais, o que me deixou chateada em dobro), para diálogos de especialistas sobre coisas específicas que não sou obrigada a entender. É um filme que, se eu não tivesse lido sobre, não conseguiria me situar em nenhuma cena. E não teria/tenho paciência para assistir novamente. Me lembrou Melancolia, outro filme conceituado que eu bocejei o tempo todo. Para mover uma xícara se vão 15 minutos de filme (exagero, eu sei). A história também é sensacional, mas as cenas lentas do filme sugam a magia do roteiro. Eu sei que tem gente que gosta. Eu sei que são filmes fodas para se fazer. Eu também sei que não é pra mim e que eu nem deveria me arriscar a assistir. Eu sei.

A tal da cópia

O personagem de Shimell é James Miller, autor de um livro chamado “Cópia Fiel”. Ele viaja para a Toscana, na Itália, para palestrar sobre o seu trabalho, que fala do valor que tem uma cópia bem feita, o quanto ela afirmando a arte original. Aí ele encontra a galerista Elle (personagem da Juliette Binoche) e vai dar um passeio com ela, enquanto discute arte e cópia. Até a metade do filme (ou até mais) é isso. Daí o filme muda drasticamente. E a interpretação fica por conta do espectador: não tem como ter certeza se eles estão blefando nos diálogos (agregando valor a cópia da vida, no caso) ou se eles já se conheciam anteriormente e só deixaram que soubéssemos agora. É como se você fosse confrontado por uma obra de arte copiada e acreditasse fielmente que é a original. Ou, estando diante da original, você possa jurar que é uma cópia. Nunca saberemos.

Traçando um paralelo

Só que como nem só de filmes chatos são feitos meus dias, vi um que entrou pra lista de melhores películas da vida. Eu já disse que sou a louca das newsletters? 
Pois sou, assino toda e qualquer uma que me aparece. E esses dias alguém que eu juro não me lembrar quem falou na news sobre o filme Uivo, que conta sobre o poema de mesmo nome de Allen Geinsberg. E gente, eu sou apaixonada por contracultura, On the road e toda aquela atmosfera beat dos anos 50/60. Precisava assistir? Precisava com certeza. James Franco dá vida a Allen e outros personagens incríveis da geração beatnik surgem, inclusive Jack Fucking Kerouac. E também Neal Cassady (ou Dean Moriarty para quem que nem eu preferir). Mas isso é assunto para outro post, onde eu fico elogiando a beleza do poema de Allen ilustrada por animações no filme, enquanto James o lê comenta, enquanto tá rolando o julgamento dessa obra acusada de obscenidade, enquanto... ok, deixa pra outro post. 

Uivo não deveria, de acordo com o advogado da acusação, estar circulando por aí, porque tem um vocabulário que não atende a literatura. Até postei uma cena aqui. Em certo momento do filme, surge um professor como testemunha (do excelente Jeff Harry Débi Dunne Daniels) e daí, minha gente, ele emite a seguinte opinião sobre cópia, depois de alegar que o poema Uivo tem a mesma fórmula estrutural do livro “Leaves of Grass” de Walt Whitman (que pra quem não lembra, era o W.W. do livro que o Hank pegou no banheiro em Breaking Bad. É, não conheço a obra de Whitman, mas conheço Breaking Bad ♥):

Ou seja, Débi & Lóide 2: quando Débi conheceu Lóide nunca foi, não é e nem nunca será bom o bastante. Nem se quer é bom. Nem se quer é Débi e Lóide (além do nome). É uma afronta a sociedade, isso sim.




Nenhum comentário:

Postar um comentário